terça-feira, 1 de julho de 2014

Americana acusa principal academia russa de balé de racismo

Não é surpresa que os padrões de beleza e treinamento no Balé Bolshoi, uma das principais academias de dança do mundo, sejam extremamente rígidos. Mas a bailarina americana Precious Adams, de 18 anos, que está terminando seu curso em Moscou, na Rússia, faz uma denúncia grave: dentro da escola, diversas vezes ela foi vítima de racismo e discriminação por ser negra. Em um episódio, uma professora chegou a lhe dizer: “Tente esfregar para tirar o tom negro”.

Há mais de dois anos na Academia de Coreografia do Estado de Moscou, nome oficial do balé, Precious diz ter sido excluída de várias apresentações por causa da cor de sua pele. A mais recente foi no começo deste mês, quando se preparava para o espetáculo de comemoração do aniversário de 240 anos da escola. Foi quando a professora lhe disse para “esfregar”, para que ficasse mais parecida com o que os diretores queriam das bailarinas.


“Alguns dos professores sabem, lá no fundo, que isso é injusto, porque eu posso fazer o que as outras meninas fazem tão bem quanto elas, ou até melhor”, disse ela, em entrevista ao jornal The Moscow Times. “Professores já tentaram me defender, mas se a voz mais poderosa diz que não está certo, que não parece certo, então não tem importância”.

No ano que vem, Precious pode ser tornar a primeira bailarina afro-americana a se formar pela escola. Ela foi criada em Detroit, nos Estados Unidos, e se mudou para Moscou aos 16 anos de idade, quando conseguiu uma bolsa para estudar na academia russa.

Precious explicou que tenta não deixar os comentários afetarem ela. Ela conta que certa vez ouviu um professor sugerir, sinceramente, que ela procurasse um tratamento de clareamento da pele. “Eu sabia disso antes de vir, todos me diziam: ‘Fique atenta, você vai ser praticamente a única negra. Eles têm um problema racial, seja esperta, não leve as coisas para o lado pessoal’”, disse.


Para ela, o grande problema é que as performances são fundamentais para que ela consiga um emprego como bailarina no futuro. “Se eu só me apresentei no palco quatro vezes nos últimos três anos, isso não parece nada bom. Se eu tivesse ido para qualquer outro lugar, provavelmente teria muito mais experiência”, acredita.

A academia disse ao The Moscow Times que não recebeu nenhuma reclamação oficial de discriminação dela ou de outros estudantes internacionais.

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