sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Balé de Repertório

Giselle

Balé romântico em dois atos. O poeta Théophile Gautier, juntamente com o dramaturgo Jules-Henri Vernoy de Saint-Georges, baseado na obra De l'Allemagne (1835), de Heinrich Heine, criou o libreto do balé Giselle, em homenagem à sua amada, a bailarina Carlotta Grisi. O libreto foi pautado em um primeiro ato realista, que retrata as desigualdades sociais e o amor impossível de um nobre e uma camponesa, já no segundo ato há um contraste, trata-se de uma fantasia, um cemitério, em meio a uma floresta, repleto de seres etéreos, sobrenaturais, as Willis.

Willis do balé Giselle
Tal contraste em grande parte foi contribuição de Vernoy, que escolheu pela morte de Giselle no primeiro ato para que a transição pudesse ocorrer. A música ficou sob responsabilidade de Adolph Adam, ficando pronta por completo em apenas 3 semanas, para tanto Adam utilizou-se de trechos do balé Le Pirate, também composto por ele, um ano antes, tal prática era muito comum no passado, o que não prejudicou a partitura de Giselle.

Quanto à coreografia, esta ficou à encargo de Jean Coralli, tendo Jules Perrot, marido de Grisi, como mero colaborador, mas sem que ganhasse nenhum crédito por isso. No entanto, grande parte deste balé foi coreografado por Perrot, principalmente os solos de Giselle, a cena da loucura, bem como a dança de Hilarion e as Wilis. Somente anos mais tarde, já no século XX, por intervenção de Serge Lifar, a Ópera de Paris incluiu o nome de Perrot como co-autor da coreografia. O pas de deux Peasant foi inserido no balé Giselle no último minuto, para Nathalie Fitzjames, em favor a uma influente patrocinadora, Mlle. Fitzjames, tendo sido dançado com Auguste Mabille.


O balé foi um absoluto sucesso em sua estreia, aclamado pela crítica e pelo público, principalmente por apresentar todo o Corpo de Baile dançando com sapatilhas de ponta. Após sua estreia em 1841, uma série de modificações corográficas foram feitas, primeiramente pelo próprio Julles Perrot e em seguida por Arthur Saint-Leon, no entanto a mais relevante foi a de Marius Petipa em 1887, tornando-se a versão mais conhecida desde então.

Libreto

Ato I 

A bela Giselle vivia nos campos da Alsácia, França. No período da colheita da uva as festas atraíam os nobres para a região. O Duque Albrecht, ao ver Giselle dançar, encanta-se com a moça e decide separar-se do grupo de nobres, juntamente com um amigo seu, para fazer-se passar por camponês e tentar uma aproximação. Giselle apaixona-se por Albrecht, acreditando que este fosse um lenhador chamado Loys, sem saber que ele é noivo da princesa Bathilde.


Porém Hilarion, amigo de Giselle desde a infância e pretendente de seu amor, tenta mostrar à moça a verdadeira identidade de Loys, no entanto ela prefere acreditar na sinceridade de seu amado. Um grande grupo de nobres chega ao lugar, dentre eles o Duque de Courland e sua filha Bathilde. Todos comem, bebem e enquanto isso Bathilde conversa animadamente com Giselle, como agradecimento aos momentos agradáveis a princesa dá à Giselle um colar de ouro.


Os nobres pedem para descansar na casa de Giselle antes de continuarem seu passeio. Enquanto isso Hilarion planeja a melhor forma de desmascarar Albrecht, decide então entrar na cabana onde o rapaz diz morar, ao chegar lá encontra a espada e as roupas de nobre. Giselle naquele momento está muito feliz, pois acaba de ser coroada Rainha da Vindima de sua aldeia, quando Hilarion mostra-lhe a espada e as roupas ainda assim ela reluta em acreditar, mas o rapaz chama todos os nobres para fora e Bathilde logo confirma seu noivado com o Duque Albrecht. A camponesa começa a dançar desesperadamente, enlouquece com a desilusão e acaba morrendo. 

Ato II


Hilarion observa o tumulo de Giselle, soa meia-noite, o momento da materialização das Willis. As Willis são espíritos de moças que foram enganadas por seus noivos e morreram antes do casamento. Como vingança elas fazem dançar até a morte os homens que encontram na floresta. Myrtha, é a Rainha das Willis, e naquele momento iniciaria Giselle em seus ritos. Hilarion é perseguido pelas almas até sua morte. Quando Albrecht leva lírios até o túmulo, Giselle aparece, mas Myrtha já havia condenado o rapaz a dançar até a morte. Giselle, ainda apaixonada, consegue poupar a vida de seu amado protegendo-o com a cruz de seu túmulo, amparando-o na dança, até a aurora, momento em que as Willis se desmaterializam.

Curiosidades

O uso das sapatilhas de ponta por todo o corpo de baile no 2° ato deste ballet foi uma forte característica, que contribuiu para sua eternização, já que até então somente as bailarinas principais usavam-nas;

Existia um triângulo amoroso à época da primeira produção de Giselle, o libretista Théophile Gautier e a bailarina Carlotta Grisi, para quem foi criado esse ballet, tiveram um affair, mesmo sendo ela casada com o coreógrafo Julles Perrot;

O nome original do personagem Albrecht era Albert, tendo sido modificado somente após a era romântica;

Originalmente o ballet Giselle tinha 45 minutos de mímica e 60 minutos de dança, o que foi drasticamente alterado em versões posteriores, inclusive nas de hoje em dia;

O solo do 1° Ato em que Giselle faz pequenos saltos na ponta eram impossíveis de ser realizados na primeira produção deste ballet, devido à fragilidade das sapatilhas, que não davam suporte para tanto. Tal coreografia foi inserida somente no início do século XX.

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