sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Canon: No ritmo ou fora dele?

"Canon em Ré Maior" é a peça barroca mais famosa composta por Johann Pachelbel em 1680 e até hoje interpretada por diversos músicos e orquestras, tornando-se até música-tema para filmes. Esta obra, mais do que seu compositor, alcançou fama mundial até os dias de hoje e atualmente é muito executada em casamentos por sua doçura e suavidade. Canon (ou Kanon, em alemão) é uma peça musical de repetições feitas para 3 violinos e um violoncelo contínuo, ou seja, o 1º violino (ou primeira voz) inicia com parte da melodia, e depois de uma seqüência de acordes de I, IV e V graus, este inicia outra parte no mesmo momento que o 2º violino inicia a mesma melodia já tocada pelo 1º, sendo que quando o 3º violino inicia a mesma melodia já tocada pelo 1º e 2º violinos, o 2º passa a tocar o que o 1º tocou, em suma, são blocos de dois compassos tocados pelo 1º violino, os quais são repetidos pelos demais, tornando melodias harmonicamente sobrepostas.

E na dança? Como seria? No ritmo (seguindo a ideia de sobreposição) ou fora dele usando as infinitas possibilidades que a arte de dançar nos proporciona?

Honestamente eu sempre acreditei que no caso de Canon o mais coerente seria seguir a ideia de sobreposição e nas incontáveis vezes que assisti (através de vídeos na internet) a diversas montagens de coreografias produzidas com essa música mais eu me convencia de que deve ser coreografado como tal.

Para mim, essa é uma das melhores produções de um balé produzido em cima de Canon:


Momentum Dance Group em "Canon in D"

É... Só que no ano passado a Cia Almas da coreógrafa Franciele Almeida de Campo Novo do Parecis levou aos palcos de Mato Grosso a coreografia Canon, mas sem se preocupar com tal sobreposição característica da composição de Pachelbel. E deu certo? Se deu! Que melodia que nada, que sobreposição... Um adágio e um grande adágio!

A versão proposta pela Cia faz qualquer um repensar, ou seja, Canon pode sim ser coreografado livremente sem perder sua beleza ou sem fazer com que alguns críticos sintam aquela frustação ao ver uma composição famosa num ponto de vista totalmente diferente.

O exemplo mais claro do que estou falando é a mundialmente conhecida “Morte do Cisne”, um solo de balé clássico curto e baseado no 13º movimento de "O Cisne" da suíte "O Carnaval dos Animais" do compositor francês Camille Saint-Saëns composto em 1886. O balé foi criado pelo coreógrafo e bailarino russo Mikhail Fokine, a pedido da bailarina, também russa, Anna Pavlova, e foi estreado em 1905, mas John Lennon da Silva fez o, até então, inimaginável... Deu uma visão completamente excêntrica e magnífica!

Para quem quiser ver as duas versões de "A morte do Cisne", veja aqui.

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