Essa é sem dúvida uma questão bastante peculiar, Odette deve ser, afinal de contas, frágil ou rainha?
Pensemos: você está caminhando no bosque feliz e contente, um feiticeiro medonho aparece do nada e te aprisiona no corpo de um cisne, sem mais nem menos. Desde então, você está fadada a ser cisne durante o dia e mulher durante à noite, além de estar longe de sua mãe que chorou tanto a ponto de formar um lago onde você é obrigada a ficar durante o dia. Não só, para se livrar disso, você precisa encontrar um rapaz que a ame verdadeiramente. E detalhe: encontrará esse rapaz, mas ele pedirá outra em casamento e você será prisioneira para sempre. Haja angústia, não é!?
Para mim, a melhor tradução desse aprisionamento pode ser vista nesta cena.
Cena do filme "Cisne Negro", de Darren Aronofsky
Sim, eu acho que a Natalie Portman conseguiu entender claramente a personalidade da Odette (e também da Odile, mas isso fica para outro dia). A angústia está nos seus olhos, o tempo todo. E notem o momento em que ela toca o próprio rosto depois da transformação… Na segunda vez, parece que ela mostra as lágrimas escorrendo. Perfeito!
Mas ela é atriz, existe uma facilidade maior pela própria característica da profissão. E entre as bailarinas? A meu ver, duas conseguiram encontrar esse tom de fragilidade: a Evgenia Obraztsova e a Gillian Murphy. Sendo que a Gillian consegue manter isso o tempo todo ao longo do ballet, eu fico impressionada.
Por outro lado, o perfil “rainha dos cisnes” impera. Acho que duas bailarinas atingem o grau máximo nesse quesito: Ulyana Lopatkina e Svetlana Zakharova. Divas do começo ao fim.
Dentre essas duas possibilidades, eu prefiro a Odette frágil, amedrontada e angustiada para fazer o contraponto com a Odile vil, sedutora e dona da situação. Mas essa é uma visão absolutamente pessoal.
E vocês, preferem a frágil ou a rainha?
Por Cássia Pires
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