quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A coragem de uma bailarina

Imaginem a seguinte situação.

Você é solista de uma das maiores companhias de dança do mundo. Por essa razão, às vezes você dança os papéis principais de alguns balés. Gamzatti, por exemplo, há exatos dois anos.

Em determinado dia, a apresentação de “La Bayadère” realizada pela companhia seria transmitida para vários cinemas de todo o continente. Ao vivo!

Por alguma ironia do destino, todas as bailarinas escaladas para fazerem o papel de Gamzatti sofreram alguma lesão. Cinco ou seis, ao todo. O maître de balé lhe diz: “Você dançou o papel de Gamzatti há dois anos, certo? Você se lembra dele? Será que você pode dançá-lo esta noite? Se você não fizer isso, não há mais ninguém que o faça”.

E aí? Você não se apresenta e deixa a companhia resolver o problema ou você encara sabendo que dançou o papel há dois anos, não fará ensaio geral e será vista ao vivo nos cinemas de vários países?


Ludmila Pagliero disse sim. Ela era première danseuse, havia dançado “La Bayadère” dois anos antes, até o momento em que Laurent Hilaire pediu a ela para praticamente salvar a Ópera de Paris naquele dia.

Ela não fez o cabriole na altura que deveria. Ela terminou os fouettés antes do tempo. O que uma bailarina, que tanto treina para ser perfeita, precisa ter para aceitar o desafio de ser imperfeita para tantas pessoas ao mesmo tempo? Coragem...!

Ao final do espetáculo, o que aconteceu? Ela foi nomeada Étoile.

Ludmila Pagliero ao ser nomeada Étoile
Quando perdemos o medo de sermos imperfeitos e aceitamos que perfeição não existe, surge a coragem. E as coisas finalmente começam a acontecer.

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